Carolina Ferraz desabafa sobre viajar sozinha

"Eu fiquei passada. Primeiro eu fiquei passadíssima com as pessoas quando disse que tava passando férias sozinha. Muitas pessoas falando: "nossa, sozinha? Mas por quê?" Eu não entendo as pessoas que não dão conta de estarem sós com elas próprias, sabe?, porque eu me aguento, acho um prazer tá comigo, gosto da minha companhia e preciso estar só às vezes, só, sem amigos, sem filho, sem trabalho, sem ninguém, só com ps meus livros, com a minha energia, aberta pra deixar as coisas acontecerem... Eu gosto de conhecer gente e eu gosto muito de ficar sozinha. Não me sinto solidária, acho que é uma diferença muito grande entre estar sozinho, né, e se sentir só, eu me sinto muito bem na minha própria companhia. Então, pra mim, passar 4 dias só comigo de manhã,  de tarde, à noite, só ouvindo as minhas questões, curtindo a minha presença, a minha vontade é um privilégio maravilhoso que realmente pra mim não tem nem como discutir, é impagável, isso é uma das coisas que não tem preco." 

    (Carolina Ferraz)


Adorei essa visão da Carolina Ferraz sobre o estar só. Parando para pensar de fato nunca me senti solitária e sempre amei estar sozinha, não tenho problemas com o estar só, pelo contrário, para mim é indispensável como o ar, a água, o alimento... equivale a uma terapia, a um auto cuidado, preservar minha saúde mental, conservar minha paz, minha liberdade, me conhecer, entender meus limites, o que quero, o que não quero... me questiono sobre esse assunto e vejo que nunca senti o tal vazio por estar só, meu íntimo me diz que esse é o meu caminho, o lugar onde me encontro, a forma como funciono e que não preciso de outra mais. Pior mesmo é se sentir só estando acompanhado.

Acredito que a maioria das pessoas ache esquisita minha forma de pensar, o curioso é que também acho esquisita essa necessidade que as pessoas têm (ou acham que têm) de uma companhia e como perseguem isso tão obstinadamente. Se a maioria das pessoas acha triste estar sozinho, eu acho triste quem tem pavor de estar sozinho a ponto de não suportar a própria companhia/quem não consegue ficar sozinho consigo mesmo, isso sim é triste, a pessoa perde uma oportunidade preciosa de se conhecer de fato, de saber o que quer, o que não quer pra si, afinal, crescimento pessoal não se adquire somente em companhia de outras pessoas, se adquire principalmente na companhia de si mesmo.

Não entendo as pessoas que têm verdadeiro pavor da solidão. A pessoa sabendo aproveitar bem sua solitude não tem motivo para temer a solidão porque a solidão simplesmente não existe para quem se sente bem com sua própria companhia. Eu tenho pavor mesmo é de abandono, de desamparo, de falta de saúde, de falta de dinheiro... de solidão não.
Fico me perguntando se as pessoas querem mesmo uma companhia ou se é algo que fizeram elas acreditarem que precisam. As pessoas pelo menos uma vez na vida já se questionaram se querem mesmo uma companhia? Provavelmente não. E muitas pessoas irão seguir a vida assim sem se questionar.

Ao meu ver, as pessoas se colocam em situações que deveriam ser consideradas por elas piores do que esse receio infundado da solidão, como por exemplo a solidão (o vazio) acompanhado, o estar mal acompanhado, a dependência emocional, as violências/os abusos que relacionamentos ruins causam... não que fatalmente os relacionamentos serão ruins, mas é um risco que a pessoa corre nessa busca desenfreada por companhia.
Enfim, as pessoas encaram de forma mais positiva se envolverem com alguém que não conhecem a se envolverem com elas mesmas, justamente a única pessoa que estará com elas quando tudo acabar. E depois a esquisita sou eu que prefiro seguir sozinha.

Sei que há solitários que buscam uma companhia e há solitários que não buscam, que estão muito bem do jeito que estão, sei que têm pessoas que emendam um relacionamento no outro, outras que se relacionam apenas casualmente, pessoas que casam acreditando que será "para sempre", eu  seria a "solteirona" de antigamente, a que "ficou pra titia", apesar desses termos ultrapassados eu sou sim a que leva uma vida solitária, com muita paz, realizada nesse sentido, sem nenhum problema com isso. Alguém pode achar esquisito, assim como também acho esquisita muita coisa por aí que fazem em nome do amor romântico. O importante é respeitar o estilo de vida do outro. Posso questionar, achar esquisito, não entender mas respeito. E que cada um busque o que acha melhor para si respeitando o outro porque todos estamos nessa mesma busca, cada qual um mundo à parte/diferente, nem melhor nem pior que o outro, afinal, nenhum estilo de vida é absoluto e tudo bem.

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