Convivência forçada
Se odiavam e eram obrigados a viver sob o mesmo teto. Uma daquelas ironias crueis que a vida nos impõe com o intuito, talvez, de testar nossa paciência, ou rir muito na nossa cara. O castigo surge justamente na forma daquilo que mais procuramos evitar e um sempre evitou o outro. E lá estavam os dois, sem afinidade alguma, tendo que conviver diariamente. Na época distante em que as coisas eram boas, cada um seguia para o lado de suas respectivas afinidades, o que aumentava e muito o abismo entre os dois mas também trazia o alívio de se evitarem. E pensar que lá na frente, sem mais o refúgio do afeto e da afinidade a outras pessoas, ambos acabariam sozinhos numa casa, condenados a uma convivência prolongada que nenhum dos dois queria (pelo contrário, ambos já estavam fartos de conviver), num abismo tão grande ou maior do que o do passado. Atualmente atrapalhavam o sonho de vida um do outro. Não se viam. Não se falavam...