Fraternidade: uma utopia para os nossos dias

• Sobre a importância da fraternidade:

"A programação do serviço necessário, as notas da Espiritualidade Superior e os ensinamentos elevados vivem, agora, para nós outros, muito acima de qualquer cogitação terrestre.

A observação era justa; mas, habituado ao apego doméstico, inquiri, de pronto:

- Será tanto assim? E os parentes que ficaram a distância? Nossos pais, nossos filhos?

- Já esperava essa pergunta: Nos círculos terrestres somos levados, muitas vezes, a viciar as situações. A hipertrofia do sentimento é mal comum de quase todos nós. Somos, por lá, velhos prisioneiros da condição exclusivista. Em família, isolamo-nos frequentemente no cadinho do sangue e esquecemos o resto das obrigações. Vivemos distraídos dos verdadeiros princípios de fraternidade. Ensinamo-los a todo mundo, mas, em geral, chegado o momento do testemunho, somos solidários apenas com os nossos. Aqui, porém, meu amigo, a medalha da vida apresenta a outra face. É preciso curar nossas velhas enfermidades e sanar injustiças."

(Nosso Lar, Chico Xavier)


"Quando examinamos a desventura de alguém, lembrando as próprias deficiências, há sempre asilo para o amor fraterno, no coração."

(Nosso Lar, Chico Xavier)

"- Ouçamos, papai, a lição de Jesus, que recomenda nos amemos uns aos outros. Atravessamos experiências consanguíneas, na Terra, para adquirir o verdadeiro amor espiritual. Aliás, é indispensável reconhecer que só existe um Pai realmente eterno, que é Deus; mas o Senhor da Vida nos permite a paternidade ou a maternidade no mundo, a fim de aprendermos a fraternidade sem mácula. Nossos lares terrestres são cadinhos de purificação dos sentimentos ou templos de união sublime, a caminho da solidariedade universal. Muito lutamos e padecemos, até adquirir o verdadeiro título de irmão. Somos todos uma só família, na Criação, sob a bênção providencial de um Pai único."

(Nosso Lar, Chico Xavier)

Nos isolamos em grupos, ligados pelo laço consanguíneo ou de afinidades, nos isolamos em grupos que escolhemos movidos pelo interesse, pela forma de pensar semelhante. Em contrapartida, procuramos evitar as ilhas com as quais não temos afinidade.

Nos juntamos em grupos de afinidade, cada um na sua própria ilha de interesses; tal ilha começa em nós, despois ela se expande quando procuramos companhia com quem dividir a vida e talvez se multiplicar, formando assim nossa ilha particular; depois sentimos necessidade de ampliar as relações, escalonamos nossa ilha particular colocando nela pessoas "de fora" por quem sentimos afinidade. O resultado é que ficamos todos segregados em grupos de nossos próprios interesses, onde coisas como a inclusão, a fraternidade não entram; se fôssemos realmente fraternos, todos entrariam, não apenas as pessoas de nossos interesses. Podemos observar num quadro geral que há infinitos grupos diferentes, que podem ser encarados como ilhas, cada ilha feita de afinidades, concorde em pensamentos, opiniões, interesses... Não há união, o que há é segregação, separação de ilhas, cada qual no seu nicho de interesse, composto por relações de interesse particular nosso.

É da natureza humana se isolar: seja em grupos afins, seja sozinho consigo mesmo. Nenhum homem é uma ilha?! É uma ilha sim, seja num isolamento coletivo ou individual. Não falo do ponto de vista da ideia de autossuficiência, da independência, da singularidade de cada um; falo do ponto de vista da fraternidade, do tal amor ao próximo tão difícil de se praticar. Vivemos fechados em nós mesmos, cada vez mais apartados uns dos outros.

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