Eterna



"Sua avó materna foi uma das pessoas mais ternas, caras e marcantes em sua infância. Era tão carinhosa e generosa, doce e bondosa e até permissiva, como toda avó que se preze. Sua avó fazia um delicioso arroz de leite, seu favorito, fazia só para agradá-la e não havia quem superasse o arroz de leite de sua avó; como não falar também dos saborosos e simples bolinhos de feijão que ela adorava, até hoje ela tem guardada a imagem de sua avó fazendo bolinhos de feijão para ela, com suas mãos fortes, ágeis, sempre ativas, de unhas também fortes, compridas, bem-feitas, amassando e modelando os bolinhos, tudo feito com o carinho e o toque caseiro de uma avó amorosa. 
Ela não pode negar que houve também os momentos ruins, mas necessários, em que sua avó teve de chamar sua atenção por causa de desobediência, travessura e traquinagem típicas da infância; vivia levando bronca por causa de sua travessura preferida que era sair rabiscando as paredes da casa da avó, deixando os adultos furiosos; adorava também andar de bicicleta na rua de sua avó, ia e voltava de bicicleta pelas ruas da cidade, curtindo ao máximo a melhor e mais livre fase da vida. Tinha, aos domingos, as divertidas idas à praia, onde parte da família comparecia, inclusive sua avó, que adorava o mar. 
Momentos inesquecíveis como as incontáveis vezes em que aparecia na loja da avó e pedia dinheiro para doces, para guloseimas em geral e sua avó sempre cedia, dava o dinheiro, se tornando cúmplice da neta nas suas delícias de infância.
Até hoje sua avó é uma imagem presente e saudosa em sua vida. Até hoje ela lembra e sente saudade do quão bom era estar na casa da avó, de entrar escondida
no quarto dela para brincar, dançar, pular em cima da cama e dormir também na cama grande e macia da avó, mexer nos vários discos da vovó e nos seus cosméticos, vestir suas roupas, calçar seus sapatos (como fazia com os da mãe); era bom esse tempo e ela sabia, tanta falta ela sente desse tempo, tanta falta ela sente daquela avó que
foi tão boa, que cantava lindamente na igreja, que adorava ver a casa dela cheia de gente, sempre uma ótima dona de casa e anfitriã.
Sua avó sempre foi o centro da casa, a luz, a vida, a alma, o elo de ligação da família, tudo e todos funcionavam por sua causa. 
Foram tempos bons e felizes que ela reconhece e guarda na memória. Ela sabe que sua avó será sempre inesquecível, ela sabe que sua avó foi uma pessoa bastante responsável por sua infância ter sido alegre, feliz.
Impossível não sentir o peso do passado e da saudade ao entrar hoje na casa de sua avó onde tudo está tão diferente dos tempos de sua infância, onde a ausência de sua avó se faz agora tão presente."


                                                                                   A vó Inácia

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